quarta-feira, 11 de março de 2020

O amor como instrumento de elevação espiritual (Parte III)

Este texto é a terceira e última parte desta reflexão. A primeira e segunda partes podem ser acessadas aqui: O amor como instrumento de elevação espiritual (Parte I) e aqui O amor como instrumento de elevação espiritual (Parte II), respectivamente.




A elevação espiritual (e nenhuma outra benesse divina) deve ser encarada como recompensa ou barganha; o amor é a própria recompensa. Através do exercício do amor nos aproximamos de nossa essência e disso decorre, como consequência natural, nossa elevação a patamares mais altos de consciência. Não tomemos a parte pelo todo, nem os fins pelos meios.

O amor é, assim, o supremo objetivo da natureza divina e humana, visto que estas não são tão diferentes. Quando conseguimos atingir o patamar de amar pelo prazer de amar, conseguimos compreender que o amor é sua própria recompensa. E, quanto mais amor, mais combustível há para que a fagulha divina em nosso interior cresça cada vez mais, iluminando e aquecendo aspectos que se encontravam nas nossas sombras frias do desconhecido.

Dessa forma, o amor é também a base para nosso autoconhecimento. Ao iluminar nossas sombras, podemos, finalmente, nos observar em completude e entendermos qual é, afinal, nossa missão pessoal dada por Deus para que o sistema possa funcionar da melhor forma possível. Esse é o caminho para que o sistema funcione e a evolução espiritual da humanidade progrida, pois não há evolução sem autoconhecimento.

Não é possível que consigamos realizar nossa essência se não amarmos quem somos. Mas não podemos nos amar se não nos conhecemos. O autoconhecimento é a base de todas as doutrinas religiosas, místicas, filosóficas e iniciáticas que propõem a elevação espiritual.

Só conhecendo em profundidade quem somos em nossa essência, que se esconde sob todos os véus do ego, é que podemos nos considerar no caminho para a elevação espiritual. E esse caminho não é fácil, nem prazeroso, pois para conhecer o paraíso é necessário cruzar por todos os nossos infernos interiores, confrontando em cada um deles nossas próprias falhas e misérias.

O autoconhecimento é uma chave poderosa nesse caminho, mas não é suficiente. De que adianta eu me conhecer, saber minhas virtudes e vícios, minhas fraquezas e minhas fortalezas, se isto não puder, de fato, me levar para a elevação? De que adianta usar o conhecimento sobre mim mesmo para criar padrões cristalizados que me aprisionam na ilusão do ego?

Autoconhecimento só serve para a elevação espiritual, portanto para a realização da vontade divina, se for base para o auto aprimoramento. E este só é possível através do desenvolvimento de um intenso processo de aceitação e de amar a si mesmo, pois só aprimoramos o que nos interessa e nos cativa.

Se cada ser criado por Deus tem um caminho a ser trilhado para finalmente poder expressar sua missão divina, conhecer a si mesmo é importante para isso, mas amar a si mesmo é essencial. Amar incondicionalmente a si, por sua história, por suas falhas e limitações momentâneas. O amor é a coisa mais próxima na qual nos permitimos ser nós mesmos, sem julgamento, sem culpa, de 
forma a expressarmos plenamente nossa essência.

Entendendo a natureza da experiência humana na criação, sem os pesos dados por muitas doutrinas religiosa, pode facilitar o processo de auto aceitação e de amor próprio, pois tira de nossos ombros o peso da perfeição inalcançável que oprime nossas consciências.

Assim, não existe pecado nem punição divina para os desvios do caminho que eventualmente possamos cometer, pois tudo é experiencia adquirida. Se conseguirmos transformar a experiencia (qualquer que seja) em aprendizado, cumprimos a missão de Deus para nós. Ao tornar o que aprendemos como parte de nós, fazemos a ponte entre a teoria e prática, entre emocional e racional, e um novo nível de consciência se tornou vivo em nós.

Se na caminhada de elevação espiritual é preciso ter a chave íntima para o entendimento do sagrado, essa chave é o amor. Autoconhecimento, auto aprimoramento, amor próprio. Etapas necessárias para nos elevarmos espiritualmente. Dessa forma vai nascendo em cada um, o novo eu, cada vez mais livre, mais consciente, mais amoroso na arte de criar-se a si mesmo e a realidade a sua volta. Se você não puder amar, é impossível para você encontrar equilíbrio. Se você alcançar o equilíbrio, sua vida se tornará uma vida amorosa. E essa é a maior elevação que podemos desejar.

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