segunda-feira, 11 de maio de 2020

Os Orixás na Umbanda (Parte I)

termo Orixá, em Yorubá, significa “dono da cabeça”. Eles representam uma classe de divindades que podem representar figuras históricas divinizadas por sua grandeza em vida¹ ou as forças da natureza personificadas. Podem ser interpretados ainda como manifestações das qualidades divinas individualizadas, facilitando seu entendimento para nosso nível de consciência atual.




Seu culto é frequente na Umbanda², no Candomblé Ketu³ e outras religiosidades mais regionalizadas, como o Batuque no sul do Brasil. Porém, é importante destacar que os Orixás não são os seres primordiais⁴ do universo. Existe um Deus supremo chamado na tradição Yorubana de Olorum ou Olodumare que representa o Todo. Os orixás seriam, então, intermediários entre a humanidade e o grande Deus Criador. 

Na Umbanda a visão dos Orixás como representações das forças da natureza é a mais comum. Associa-se, também a cada um deles arquétipos da psique humana, que acredita-se influenciar a personalidades de seus filhos. Cada orixá possui ainda  seu sistema simbólico particular, composto de cores, comidas, ervas, oferendas e pontos de força na natureza, entre outros elementos. Como resultado do sincretismo que se deu durante o período da escravatura, cada Orixá foi também associado a um ou mais santos católicos.

Ser filho de um determinado Orixá significa que aquela energia e aquele arquétipo terão mais influência em sua vida que os demais Orixás, embora todos tenhamos a influência de todos eles em nossa vida. Isso não deve ser visto, no entanto, como determinístico da personalidade dos filhos de cada Orixá. Estamos falando de tendências e predisposições arquetípicas e energéticas sobre as quais cada ser encarnado tem poder de decisão, exercendo seu livre arbítrio.

O número de orixás que cada pessoa carrega, a ordem de importância entre eles e a forma de conhecê-los varia muito de cada tradição de Umbanda. No entanto, em quase todas as casa é indispensável que se conheça pelo menos o Orixá mais atuante, para se realizar os procedimentos de fortalecimento do vínculo entre o filho e o Orixá, afim de se facilitar e potencializar o trabalho mediúnico.  

Nas próximas partes trarei breves descrições sobre os Orixás mais comumente cultuados na Umbanda.

Até lá.
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1 Esse processo guarda suas similaridades com a Canonização na igreja católica, o Tombo/Encantaria na Jurema/Catimbó e com as próprias entidades da Umbanda.

2 Quase todas as tradições de Umbanda utilizam o panteão Yorubano para seu culto, por conta do contato com o Candomblé Ketu. Porém, algumas casas utilizam-se dos panteões de outras nações africanas.

3    O Candomblé é o resultado da reelaboração de diversas culturas africanas. É uma religião de matriz africana recriada no Brasil, portanto, uma religião afro-brasileira. Existem três tradições religiosas que se utilizam do nome Candomblé no Brasil. O Candomblé Ketu, de origem Nagô tem como divindades os Orixás e como língua sagrada o idioma Yorubá; o Candomblé Angola, de origem Bantu, tem como divindades os Inkises e como língua sagrada os idiomas bantos; e o Candomblé Jeje, de origem Daomeana, tem como divindades os Voduns e como língua sagrada o idioma Fon.

4    Não serão abordados aqui os Orixás Primordiais (Funfun), pois estes não tem culto individualizado na Umbanda. Todos foram reunidos em Oxalá e divididos em várias qualidades das suas duas configurações principais, Oxalufã (idoso) e Oxaguiã (jovem). 

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