O termo Orixá, em Yorubá, significa “dono da cabeça”. Eles representam uma classe de divindades que podem representar figuras históricas divinizadas por sua grandeza em vida¹ ou as forças da natureza personificadas. Podem ser interpretados ainda como manifestações das qualidades divinas individualizadas, facilitando seu entendimento para nosso nível de consciência atual.
Seu culto é frequente na Umbanda², no Candomblé Ketu³ e outras religiosidades mais regionalizadas, como o Batuque no sul do Brasil. Porém, é importante destacar que os Orixás não são os seres primordiais⁴ do universo. Existe um Deus supremo chamado na tradição Yorubana de Olorum ou Olodumare que representa o Todo. Os orixás seriam, então, intermediários entre a humanidade e o grande Deus Criador.
Na Umbanda a visão dos Orixás como representações das forças da natureza é a mais comum. Associa-se, também a cada um deles arquétipos da psique humana, que acredita-se influenciar a personalidades de seus filhos. Cada orixá possui ainda seu sistema simbólico particular, composto de cores, comidas, ervas, oferendas e pontos de força na natureza, entre outros elementos. Como resultado do sincretismo que se deu durante o período da escravatura, cada Orixá foi também associado a um ou mais santos católicos.
Ser filho de um determinado Orixá significa que aquela energia e aquele arquétipo terão mais influência em sua vida que os demais Orixás, embora todos tenhamos a influência de todos eles em nossa vida. Isso não deve ser visto, no entanto, como determinístico da personalidade dos filhos de cada Orixá. Estamos falando de tendências e predisposições arquetípicas e energéticas sobre as quais cada ser encarnado tem poder de decisão, exercendo seu livre arbítrio.
O número de orixás que cada pessoa carrega, a ordem de importância entre eles e a forma de conhecê-los varia muito de cada tradição de Umbanda. No entanto, em quase todas as casa é indispensável que se conheça pelo menos o Orixá mais atuante, para se realizar os procedimentos de fortalecimento do vínculo entre o filho e o Orixá, afim de se facilitar e potencializar o trabalho mediúnico.
Nas próximas partes trarei breves descrições sobre os Orixás mais comumente cultuados na Umbanda.
Até lá.
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1 Esse processo guarda suas similaridades com a Canonização na igreja católica, o Tombo/Encantaria na Jurema/Catimbó e com as próprias entidades da Umbanda.
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1 Esse processo guarda suas similaridades com a Canonização na igreja católica, o Tombo/Encantaria na Jurema/Catimbó e com as próprias entidades da Umbanda.
2 Quase todas as tradições de Umbanda utilizam o panteão Yorubano para seu culto, por conta do contato com o Candomblé Ketu. Porém, algumas casas utilizam-se dos panteões de outras nações africanas.
3 O Candomblé é o resultado da reelaboração de diversas culturas africanas. É uma religião de matriz africana recriada no Brasil, portanto, uma religião afro-brasileira. Existem três tradições religiosas que se utilizam do nome Candomblé no Brasil. O Candomblé Ketu, de origem Nagô tem como divindades os Orixás e como língua sagrada o idioma Yorubá; o Candomblé Angola, de origem Bantu, tem como divindades os Inkises e como língua sagrada os idiomas bantos; e o Candomblé Jeje, de origem Daomeana, tem como divindades os Voduns e como língua sagrada o idioma Fon.
4 Não serão abordados aqui os Orixás Primordiais (Funfun), pois estes não tem culto individualizado na Umbanda. Todos foram reunidos em Oxalá e divididos em várias qualidades das suas duas configurações principais, Oxalufã (idoso) e Oxaguiã (jovem).
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