quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Para começar a entender a Umbanda

Pra começar a falar sobre o que é a Umbanda, vamos falar primeiro sobre o que ela não é.


A Umbanda não é uma variação do espiritismo, nem do candomblé, nem da Jurema (Catimbó), nem do Batuque, nem de nenhuma outra expressão religiosa. Umbanda não é uma seita, nem uma doutrina espiritualista, nem uma escola iniciática.

O que é, então, a Umbanda? A resposta mais simples, porém precisa, é que a Umbanda é uma religião. Se quisermos aprofundar a resposta, diremos que a Umbanda é uma religião brasileira nascida do sincretismo entre diversos sistemas religiosos presentes em solo pátrio, sejam eles estrangeiros, como os europeus (catolicismo e espiritismo) e os africanos (cultos de Nação), sejam os nativos brasileiros (cultos indígenas).

Por detrás de toda a discussão do que pode ser considerado ou não como Umbanda (e quem somos nós, no final das contas, pra bater o martelo?) me parece sensato ter como princípio balizador o respeito aos princípios fundamentais. Atendendo a estes princípios, a diversidade ritualística é uma questão secundária.

Mas, talvez seja mais importante pensarmos a Umbanda a partir das palavras do Caboclo das 7 Encruzilhadas, entidade responsável pela anunciação da Religião. Através de seu Médium, Zélio Fernandino de Moraes, o Caboclo conceituou a Umbanda como: “...a manifestação do espírito para a prática da caridade”. Disse, ainda, que a religião vinha falar aos corações dos humildes e acolher a todos que necessitassem: “...com os que sabem mais aprenderemos, aos que sabem menos ensinaremos, e a nenhum rejeitaremos”.

Além da prática da caridade1, outros dois elementos são elencados como pilares da religião: o respeito ao livre-arbítrio de todos os seres (humanos e não-humanos) e o amor incondicional. Esses elementos representam grandes desafios para a caminhada de todo umbandista, visto que não somos culturalmente ensinados a cultivá-los.

Desta forma, podemos entender a Umbanda como a manifestação mediúnica (de incorporação e de outros tipos) que tenha como objetivo a prática da Caridade, o respeito ao livre-arbítrio e o amor incondicional. Isso equivale a dizer que a orientação de acordos com estes valores básicos está acima das orientações ritualísticas. Em bom português, o conteúdo vale mais que a forma.

A Umbanda enquanto religião, portanto comum a uma comunidade religiosa, é uma só, apesar de existirem diferentes formas de compreender e vivenciar as experiências místicas propostas e oferecidas pelos guias espirituais que atuam orientando os encarnados nessa jornada.

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1 Nos aprofundaremos posteriormente no que venha a ser a caridade num sentido mais amplo, com seus vieses e desdobramentos. Por hora, fiquemos com a concepção de ser uma prática benevolente feita em prol dos necessitados.

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