Tendo sua origem no sincretismo de diversos sistemas religiosos presentes em solo nacional (catolicismo, espiritismo, cultos de Nação e cultos indígenas) e, em grande medida, constituintes da identidade religiosa brasileira, a Umbanda acaba por representar em sua estrutura arquetípica as diversas faces do que é ser brasileiro.
Os primeiros arquétipos apresentados na Umbanda são representações de seus povos formadores (ameríndios, africanos e europeus), sendo que com o passar do tempo a matriz arquetípica se ampliou para comportar representações dos diversos grupos que compõe a brasilidade regional.
Cabe também um destaque para regiões com grande fluxo migratório, como o estado de São Paulo, onde todos estes matizes regionais se misturam. Afinal, onde mais o migrante nordestino faria sentido enquanto arquétipo (linha dos baianos) que o local para o qual destinou-se a migração?
Foram agregados ainda, uma gama de outros matizes místicos, filosóficos e religiosos estrangeiros (principalmente das tradições orientais) a medida que estes foram integrados ao contexto religioso nacional, dando à Umbanda uma característica marcante: a adaptabilidade sociocultural
Assim, a estrutura arquetípica encontrada nas umbandas do norte, é diferente daquela encontrada no sul. Mesmo entre as diferentes escolas umbandistas, também há variações, numa mesma região geográfica.
Precisamos entender como o imaginário popular concebe as representações arquetípicas para podermos entender porque os boiadeiros do sul são gaúchos pampeiros, enquanto no nordeste são sertanejos e no centro-oeste são os vaqueiros do pantanal, cada qual com seu conjunto de símbolos e modos de vida. Da mesma forma, os ribeirinhos da amazônia, os caiçaras do sudeste e os jangadeiros do nordeste representam diferentes formas de ser povo da água, ou simplesmente marinheiros.
Pra entender a Umbanda é necessário antes de tudo entender o Brasil, sua história, sua identidade, seus múltiplos universos. Mas não apenas os aspectos acadêmicos dessa discussão, mas o conhecimento profundo e cotidiano da brasilidade subjugada, pois o traço que une todos os arquétipos é a não centralidade na história oficial; povos periféricos, excluídos e que precisaram lutar para ter um lugar ao sol na história da nação.
Dessa forma, entendemos que lutar contra as desigualdades, se colocando a favor dos humildes e desamparados é um conceito chave para a Umbanda, presente desde sua fundação e bastante presente em sua estrutura de trabalho.
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