segunda-feira, 25 de maio de 2020

Os orixás na Umbanda (parte III)

Este texto é a terceira e última parte da apresentação dos Orixás na Umbanda. A primeira e segunda partes podem ser acessadas aqui: Os Orixás na Umbanda (Parte I) e aqui Os Orixás na Umbanda (Parte II) , respectivamente.

Após a introdução, e as descrições sobre os Oborós (Orixás masculinos), seguem as descrições das Yabás (Orixás Femininos) mais comumente cultuadas na Umbanda. As informações apresentadas podem variar conforme as diferentes doutrinas.


IANSÃ
Orixá dos ventos e das tempestades, Iansã é a senhora das nuvens de chuva, aquela que direciona o que receberá, ou não, as águas celestes (emoções e sentimentos superiores).


Sua energia é impulsionadora, expansiva, disciplinada ao mesmo tempo intempestiva. Ela agita o que está parado, derruba o que não tem raízes, revela o que está oculto, destrói aquilo que não é essencial, transmutando pelo fogo, para o novo renasça.


Traz os arquétipos de mãe disciplinadora e de Guerreira. Com sua espada e escudo em mãos, nos ensina a lutar por tudo o que acreditamos ser o certo.  Por estar ligação à energia de mudanças bruscas, tende ao exagero no uso de força, à falta de tato social, e a dificuldade de lidar com rotinas repetitivas.



Cores: amarelo / vermelho / laranja / rosa
Sincretismo: Santa Bárbara
Elemento: ar, fogo e água (chuvas)
Pontos de força: bambuzais e campos abertos.
Domínios: movimento, transformações, estímulo, quebra de padrões cristalizados
Símbolo: Espada, chifre de búfalo e iruquerê (abanador feito da cauda de cavalo)
Ervas: espada de Santa Bárbara, pára-raio, eucalipto, pitangueira, laranjeira
Saudação: Eparrei Oyá!


OXUM
Orixá das águas doces, Oxum é a senhora da fertilidade, do amor e do prazer. Representa os aspectos benéficos das águas, que matam a sede, abrandam o calor e regam as plantações. 


Sua energia é alegre, animadora, amorosa, delicada e muito autoconsciente. Com seu espelho voltado para si, nos ensina a olhar pro mais profundo de nós e a amar tudo o que vemos nele refletido.


Representa os arquétipos da mulher jovem e da musa inspiradora. Dona do ouro, das pedras preciosas também a elegância, a riqueza e a beleza, mostrando que os prazeres da vida precisam ser apreciados. Por carregar energias ligadas à beleza, ao prazer e as emoções, pode desviar-se para a vaidade, a luxúria e a manipulação emocional.


Cores: amarelo (ou  dourado) / cor de rosa / azul escuro 
Sincretismo: Nossa Senhora da Conceição / Nossa Senhora Aparecida
Elemento: água doce
Pontos de força: rios e cachoeiras
Domínios: amor, prosperidade, fertilidade, elegância, gestação e maternidade
Símbolo: Abebê (espelho) dourado
Ervas: rosas, camomila, erva-doce, artemisia, malva, lírio do brejo
Saudação: Ora Yeyé ô!  / Aieieô!


IEMANJÁ
Orixá das águas salgadas, Iemanjá é a senhora da vida, da maternidade e do acolhimento. Com seu espelho voltado para para fora, nos ensina a olhar os demais como realmente são, aceitar e acolher tudo o que ali esteja refletido.


Sua energia é criativa acolhedora, cuidadosa, receptiva, tranquilizadora. Iemanjá rege a harmonia familiar, seja entre os parceiros, seja entre pais e filhos ou todos que formam laços sentimentais profundos (família do coração).

Representa os arquétipos da mãe cuidadosa e da rainha abnegada. Mãe de todos os peixes, a quem criou para que sua casa nunca esteja vazia e sempre tenha a quem cuidar. Por estar ligada ao cuidado com o outro, pode facilmente negligenciar a si mesma e sobrecarregar quem está sob seu cuidado.

Cores: branco / prata / azul claro
Sincretismo: Nossa Senhora dos Navegantes / Nossa Senhora da Candeias
Elemento: água salgada
Pontos de força: mar, grandes rios, grandes lagoas
Domínios: maternidade, geração, família, saúde mental, acolhimento, hospitalidade 
Símbolo: Abebê (espelho) prateada
Ervas: rosa branca, pata de vaca, manjericão, erva de bicho, alfazema 
Saudação: Odoyá! / Odocyá! / Odocyaba!


NANÃ BURUQUÊ
Orixá da lama, das cavernas e da água subterrânea, Nanã Buruquê é a senhora da noite, da magia, da memória e dos conhecimentos ancestrais. Está ligada ao ciclo de morte, vida e ressurreição, sendo responsável por apagar as memórias de uma encarnação para a outra, possibilitando que as experiências vividas não interfiram nessa nova jornada.


Sua energia é lenta, paciente, restritiva, castradora, mantenedora e preservadora. Rege os locais onde a terra e a água se mesclam, como pântanos, lamaçais, e manguezais, nos quais decompõe o que já não tem mais vida, e disponibiliza os nutrientes para serem reaproveitados.


Representa os arquétipos de Anciã (velha sábia) e de Feiticeira. Está ligada à memória (e ao esquecimento), ao inconsciente coletivo, bem como à decantação emocional (águas profundas). Por estar ligada à manutenção das tradições e valores ancestrais, tem dificuldade de aceitar mudanças e agir com ímpeto.


Faz parte dos Orixás de origem no Daomé, sendo anterior aos Orixás Yorubanos. Seu culto é anterior à idade do ferro, razão pela qual muitas tradições não utilizam este metal nos trabalhos dedicados a ela.


Cores: roxo / lilás / anil
Sincretismo: Santa Ana
Elemento: terra (lama) e água (pântanos, manguezais, lagoa e garoa)
Pontos de força: poço, pântano, manguezal, cemitério
Domínios: vida e morte, mistérios profundos, ancestralidade, depuração emocional e energética. 
Símbolo: Ibiri (cetro de hastes de palmeira) 
Ervas: manacá, cebola roxa, manjericão roxo, folha da costa, lírio do brejo
Saudação: Saluba!

segunda-feira, 18 de maio de 2020

Os Orixás na Umbanda (Parte II)

Este texto é a continuação do texto que pode ser acessado clicando aqui: Os Orixás na Umbanda (Parte I)

Após a introdução sobre os Orixás na Umbanda, seguem breves descrições sobre os Oborós (Orixás masculinos) mais comumente cultuados na Umbanda. As informações apresentadas podem variar conforme as diferentes doutrinas.

OXALÁ
Considerado o mais importante dos Orixás dentro do culto da Umbanda. Representa a Fé, Espiritualidade, Paciência, Paz, Ordem e Harmonia. Oxalá é alheio a toda a violência, disputas, brigas, gosta de ordem, da limpeza, da pureza

Representa o arquétipo Crístico, sendo o grande exemplo a ser seguido por todos os umbandistas. Por conta disso, muitas casas de Umbanda não reconhecem que Oxalá possa ter filhos, pois todos na Umbanda já seriam filhos dele.

As histórias que relatam a criação do mundo retratam a figura de Oxalá, que foi o Orixá incumbido por Olodumare para descer do mundo espiritual (orun) para criar o mundo físico (aiyê) e os homens.   



Cor: branco leitoso ou cristal (translúcido)
Sincretismo: Jesus Cristo
Símbolos: opáxoró (bastão de prata), pomba, pemba (giz) branca
Elementos: ar (atmosfera e céu)
Pontos de força: mirantes, alto de montanhas, chapadas
Domínios: poder procriador masculino, criação, mundo espiritual
Ervas: boldo, anis-estrelado, folha da costa, rosa branca
Saudação: Epa Babá! / Auê Babá! / Xeu Epá Babá! 

EXÚ
Figura mais controversa do panteão dos Orixás, Exú é o mensageiro entre os homens e os deuses. O mais humano dos Orixás é, erroneamente, associado ao diabo cristão; na realidade Exú contém em si todas as contradições e conflitos inerentes ao ser humano. Não é totalmente bom nem totalmente mau; assim como o homem é capaz de amar e odiar, unir e separar, promover a paz e a guerra.

Representa os arquétipos do mensageiro e do provocador (trickster), simbolizando nossas lutas internas. Guarda as entradas (portais) de todos os lugares, assim como as encruzilhadas, principalmente as de terra. É o primeiro a ser reverenciado, pois sem ele não é possível acessar o sagrado. 

Assim como Oxalá, muitas casas não consagram filhos a Exú, pois ele representaria lutas universais da humanidade que seriam mais coletivas que pessoais. Muitas casas também não apresentam culto direto a este Orixá.




Cores: preto e vermelho.
Sincretismo: Santo Antônio
Símbolos: falo (pênis) ereto, tridente, encruzilhada, figa
Elementos: terra e fogo.
Pontos de força: encruzilhada (principalmente de terra), mercados e feiras
Domínios: comunicação, sexo, magia, comércio, subversão das regras injustas.
Ervas: alho, cebola, pimenta, mamona
Saudação: Laroye! / Mojubá!

XAPANÃ
Orixá da saúde e das doenças é também o senhor da terra. Seu nome é carregado de medo e mistério, sendo geralmente denominado por suas duas polaridades energéticas: Obaluayê (expansivo) e Omulu (restritivo). Tem domínio sobre o ciclo de vida, morte e da ressurreição, regendo, desta forma, a evolução encarnatória dos seres

Representa os arquétipos de ancião e de curandeiro. Sua energia é extremamente telúrica, lenta e pesada. Hospitais, necrotérios e outros locais ligados à vida e morte estão sobre sua regência. É também um dos regentes da calunga pequena (cemitério).

Faz parte dos Orixás de origem no Daomé, sendo anterior aos Orixás Yorubanos. Seu culto é anterior à idade do ferro, razão pela qual algumas tradições não utilizam este metal nos trabalhos dedicados a ele.




Cores: amarelo e preto / branco, vermelho e preto / roxo.
Sincretismo: São Lázaro / São Roque
Elemento: terra
Pontos de força: cemitério, praia, beira de poço
Domínios: doenças epidêmicas, saúde, vida e morte, evolução
Símbolo: xaxará, azé (manto de palha) e cruz
Ervas: quaresmeira, canela de velho, manjericão roxo, gengibre
Saudação: Atotô! / Omulu iê!

OGUM
Orixá do ferro e senhor da guerra. Ogum é o principal representante da energia marciana na Umbanda. É ele quem abre os caminhos dos filhos em momentos de dificuldade. 

Representa os arquétipos do ferreiro e do guerreiro. Ogum foi o primeiro a dominar a metalurgia, que ensinou aos homens, possibilitando-lhes melhorias tecnológicas que modificaram por completo o modo de vida da humanidade. Por esse motivo é o senhor da tecnologia e da inovação.

A energia de Ogum é a energia do movimento, da expansão, do avanço e do progresso. Por esse motivo tem dificuldade em lidar com as tradições e práticas ancestrais.




Cores: vermelho / azul escuro / verde escuro
Sincretismo: São Jorge / Santo Antônio
Elemento: ar e fogo
Pontos de força: estradas, estradas de ferro, minas de metais
Domínios: guerra, caminhos, conquista, tecnologia, metalurgia, agricultura
Símbolo: espada, lança, bigorna e outras ferramentas feitas de metal.
Ervas: espada de São Jorge, peregum verde, abre-caminho, aroeira branca,  
Saudação: Ogunhê! / Patacori!

XANGÔ
Orixá do fogo e do trovão, Xangô é o senhor da  justiça e do equilíbrio. Rege sobre as montanhas e pedreiras, locais que a energia de concretização e cristalização se fazem visíveis.

Seus arquétipos são do juiz e do rei justo e provedor, aquele que garante a subsistência do grupo. A justiça de Xangô não é cega, pois é de ordem divina, nem é vingativa, agindo de forma imparcial. Xangô entrega a cada um conforme seu merecimento.

Como sua energia está associada a firmeza, a concretização, ao não deixar-se levar pela opinião alheia. Quando desequilibrada, provoca teimosia, inflexibilidade e arrogância.



Cores: marrom / vermelho / vermelho e branco
Sincretismo: São Jerônimo / São João Batista / São Pedro
Elemento: fogo e terra (rochas)
Pontos de força: pedreiras
Domínios: justiça, equilíbrio, diplomacia, poder estatal, questões jurídicas 
Símbolo: machado duplo, machado de pedra, coroa,
Ervas: aroeira, arruda, picão-preto, pimenteira, romanzeiro, 
Saudação: Kaô Kabecilê!

OXÓSSI
Orixá da caça e senhor das matas, rege o contato com as plantas e animais e todas as atividades humanas relacionadas. As florestas, que são parte de seu domínio, estão relacionadas com aspectos sombrios da alma e com os espíritos de antepassados. Dessa forma, Oxóssi estimula nossa capacidade de apreender com as experiências dos demais e com a história, como forma de nos auto lapidar. 

Seu arquétipo é o do caçador, sendo conhecido como o “caçador de uma flecha só”. Sua grande perícia na arte da caça se deve ao grande conhecimento que possui sobre a dinâmica da floresta e seus habitantes, bem como ao domínio sobre si mesmo, pois a caça exige austeridade e entrega.

Sua energia é rápida e dinâmica, mas extremamente focada e disciplinada. Por reger uma atividade solitária e que precisa ser feita em silêncio, tem dificuldade no contato social e pode tender ao instinto de isolamento social.




Cores: verde claro / azul turquesa
Sincretismo: São Sebastião / São Jorge
Elemento: terra (vegetação)
Pontos de força: florestas e clareiras
Domínios: caça, fartura, conhecimento, sabedoria, agricultura 
Símbolo: arco e flecha, iruquerê (abanador feito da cauda de cavalo)
Ervas: samambaia, alecrim, cipó de caboclo, todas as frutíferas
Saudação: Oké Aro! / Arolé! 

Na terceira e última parte do texto, serão trazidas descrições sobre as Yabás (Orixás femininos).

Até lá.

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Salve os Pretos Velhos!

"Vou seguindo entre os espinhos,
 sem sequer me arranhar. 
Pois meu velho abre caminho
 ou me leva pelo ar."¹


Conhecidos como os vovôs e vovós da Umbanda, os pretos velhos são a representação da sabedoria ancestral, da fé, da esperança, da humildade, e da paciência. 


Representam os negros e mestiços de origem africana que, apesar da condição de escravizados, conseguiram chegaram à idade avançada. Também representam os idosos das comunidades quilombolas, nas quais se tentou recriar,  na medida do possível, uma sociedade com os valores tradicionais de suas sociedades de origem na África². 





Seu arquétipo traz uma dualidade desconcertante e provocadora, pois ao mesmo tempo que nos relembra as mazelas sofridos na situação de escravizados, nos revelam a força da fé inabalável na justiça e providência divinas. Mesmo no cativeiro se mantiveram senhores de seu mundo interior.  


Os pretos velhos nos ensinam a trabalhar nossas dores e a dominar nosso coração para seguir adiante na jornada da vida. São símbolos da empatia, da fé inabalável na natureza bondosa da alma humana, e do amor incondicional pela criação divina.


"Eu chorei, sofri as duras dores da humilhação.
Mas ganhei, pois eu trazia Nanã ê no coração"³


Com sua simplicidade e afetuosidade conseguem transmitir mensagens de profundo conhecimento da condição humana.


Esta a linha é regida por pelos Orixás Nanã e Xapanã, divindades com culto muito antigo e ligadas aos mistérios mais profundos da natureza humana, incluindo o ciclo de vida, morte e renascimento. Por esta razão, nos auxiliam em nossa evolução espiritual, nos conduzindo para encontrar nossos aspectos mais divinos.


Que possamos nos aproximar da força dos pretos velhos e ser imantados por sua aura de paz, sabedoria, bondade e firmeza de caráter.


Adorê as Almas!
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1. Trecho da canção "Velhos de Coroa" de Sérgio Pererê.

2. Importante lembrar que os africanos trazidos para o Brasil são provenientes de diversos povos e nações, muitos inclusive adversários entre si, que tiveram suas identidades socioculturais suprimidas e suas diferenças apagadas. A rica diversidade de saberes foi reduzido para uma categoria homogeneizada caracterizada unicamente pela cor de pele.   

3. Trecho da canção "Cordeiro de Nanã", original mas gravada pelo grupo Os Tincoãs.

segunda-feira, 11 de maio de 2020

Os Orixás na Umbanda (Parte I)

termo Orixá, em Yorubá, significa “dono da cabeça”. Eles representam uma classe de divindades que podem representar figuras históricas divinizadas por sua grandeza em vida¹ ou as forças da natureza personificadas. Podem ser interpretados ainda como manifestações das qualidades divinas individualizadas, facilitando seu entendimento para nosso nível de consciência atual.




Seu culto é frequente na Umbanda², no Candomblé Ketu³ e outras religiosidades mais regionalizadas, como o Batuque no sul do Brasil. Porém, é importante destacar que os Orixás não são os seres primordiais⁴ do universo. Existe um Deus supremo chamado na tradição Yorubana de Olorum ou Olodumare que representa o Todo. Os orixás seriam, então, intermediários entre a humanidade e o grande Deus Criador. 

Na Umbanda a visão dos Orixás como representações das forças da natureza é a mais comum. Associa-se, também a cada um deles arquétipos da psique humana, que acredita-se influenciar a personalidades de seus filhos. Cada orixá possui ainda  seu sistema simbólico particular, composto de cores, comidas, ervas, oferendas e pontos de força na natureza, entre outros elementos. Como resultado do sincretismo que se deu durante o período da escravatura, cada Orixá foi também associado a um ou mais santos católicos.

Ser filho de um determinado Orixá significa que aquela energia e aquele arquétipo terão mais influência em sua vida que os demais Orixás, embora todos tenhamos a influência de todos eles em nossa vida. Isso não deve ser visto, no entanto, como determinístico da personalidade dos filhos de cada Orixá. Estamos falando de tendências e predisposições arquetípicas e energéticas sobre as quais cada ser encarnado tem poder de decisão, exercendo seu livre arbítrio.

O número de orixás que cada pessoa carrega, a ordem de importância entre eles e a forma de conhecê-los varia muito de cada tradição de Umbanda. No entanto, em quase todas as casa é indispensável que se conheça pelo menos o Orixá mais atuante, para se realizar os procedimentos de fortalecimento do vínculo entre o filho e o Orixá, afim de se facilitar e potencializar o trabalho mediúnico.  

Nas próximas partes trarei breves descrições sobre os Orixás mais comumente cultuados na Umbanda.

Até lá.
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1 Esse processo guarda suas similaridades com a Canonização na igreja católica, o Tombo/Encantaria na Jurema/Catimbó e com as próprias entidades da Umbanda.

2 Quase todas as tradições de Umbanda utilizam o panteão Yorubano para seu culto, por conta do contato com o Candomblé Ketu. Porém, algumas casas utilizam-se dos panteões de outras nações africanas.

3    O Candomblé é o resultado da reelaboração de diversas culturas africanas. É uma religião de matriz africana recriada no Brasil, portanto, uma religião afro-brasileira. Existem três tradições religiosas que se utilizam do nome Candomblé no Brasil. O Candomblé Ketu, de origem Nagô tem como divindades os Orixás e como língua sagrada o idioma Yorubá; o Candomblé Angola, de origem Bantu, tem como divindades os Inkises e como língua sagrada os idiomas bantos; e o Candomblé Jeje, de origem Daomeana, tem como divindades os Voduns e como língua sagrada o idioma Fon.

4    Não serão abordados aqui os Orixás Primordiais (Funfun), pois estes não tem culto individualizado na Umbanda. Todos foram reunidos em Oxalá e divididos em várias qualidades das suas duas configurações principais, Oxalufã (idoso) e Oxaguiã (jovem). 

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Reflexão sobre o Orgulho (Parte II)

Esta é a continuação da reflexão que pode ser acessada clicando aqui: Reflexões sobre o Orgulho - Parte I

De acordo com tudo o que foi exposto até aqui, esta reflexão aponta no sentido de entender o orgulho como uma couraça que, independente de como e porque foi formada e de quais benefícios (momentâneos) trouxe, ao longo do processo de desenvolvimento humano ele se torna um obstáculo que nos impede de evoluir e expressar quem realmente somos.

Assim, podemos entender que o orgulho sempre traz consigo uma fator limitador no processo de desenvolvimento psíquico. Partindo do pressuposto que a intenção de todo ser humano seja evoluir através da expansão de nossa consciência, o orgulho precisa ser tratado necessariamente como objeto de intervenção.





Se a existência desta proteção emocional se deve a vulnerabilidade e fragilidade do que se encontra em seu interior, no caso o ego, não seria mais propício almejar seu fortalecimento, de forma a não mais precisar desta proteção?


Neste caso o processo de autoconhecimento e autoaprimoramento deve trabalhar para tornar o ego menos frágil, a ponto de que este possa coordenar nosso processo de tomada de consciência sem ou com menos necessidade de proteção.

Desta forma, mais do que simplesmente desejar destruir o orgulho, no processo de auto-desenvolvimento precisamos trabalhamos para que a proteção oferecida pelo orgulho não seja mais necessária, uma vez que nosso ego não esteja fragilizado. Assim, uma vez que o ego esteja apto a rumar em direção à individuação e alinhamento com o Self (totalidade da estrutura psíquica), podemos focar nos demais desafios apresentados no nosso processo de elevação espiritual.