Este texto é a terceira e última parte da apresentação dos Orixás na Umbanda. A primeira e segunda partes podem ser acessadas aqui: Os Orixás na Umbanda (Parte I) e aqui Os Orixás na Umbanda (Parte II) , respectivamente.
Após a introdução, e as descrições sobre os Oborós (Orixás masculinos), seguem as descrições das Yabás (Orixás Femininos) mais comumente cultuadas na Umbanda. As informações apresentadas podem variar conforme as diferentes doutrinas.
IANSÃ
Orixá dos ventos e das tempestades, Iansã é a senhora das nuvens de chuva, aquela que direciona o que receberá, ou não, as águas celestes (emoções e sentimentos superiores).
Sua energia é impulsionadora, expansiva, disciplinada ao mesmo tempo intempestiva. Ela agita o que está parado, derruba o que não tem raízes, revela o que está oculto, destrói aquilo que não é essencial, transmutando pelo fogo, para o novo renasça.
Traz os arquétipos de mãe disciplinadora e de Guerreira. Com sua espada e escudo em mãos, nos ensina a lutar por tudo o que acreditamos ser o certo. Por estar ligação à energia de mudanças bruscas, tende ao exagero no uso de força, à falta de tato social, e a dificuldade de lidar com rotinas repetitivas.
Cores: amarelo / vermelho / laranja / rosa
Sincretismo: Santa Bárbara
Elemento: ar, fogo e água (chuvas)
Pontos de força: bambuzais e campos abertos.
Domínios: movimento, transformações, estímulo, quebra de padrões cristalizados
Símbolo: Espada, chifre de búfalo e iruquerê (abanador feito da cauda de cavalo)
Ervas: espada de Santa Bárbara, pára-raio, eucalipto, pitangueira, laranjeira
Saudação: Eparrei Oyá!
OXUM
Orixá das águas doces, Oxum é a senhora da fertilidade, do amor e do prazer. Representa os aspectos benéficos das águas, que matam a sede, abrandam o calor e regam as plantações.
Sua energia é alegre, animadora, amorosa, delicada e muito autoconsciente. Com seu espelho voltado para si, nos ensina a olhar pro mais profundo de nós e a amar tudo o que vemos nele refletido.
Representa os arquétipos da mulher jovem e da musa inspiradora. Dona do ouro, das pedras preciosas também a elegância, a riqueza e a beleza, mostrando que os prazeres da vida precisam ser apreciados. Por carregar energias ligadas à beleza, ao prazer e as emoções, pode desviar-se para a vaidade, a luxúria e a manipulação emocional.
Cores: amarelo (ou dourado) / cor de rosa / azul escuro
Sincretismo: Nossa Senhora da Conceição / Nossa Senhora Aparecida
Elemento: água doce
Pontos de força: rios e cachoeiras
Domínios: amor, prosperidade, fertilidade, elegância, gestação e maternidade
Símbolo: Abebê (espelho) dourado
Ervas: rosas, camomila, erva-doce, artemisia, malva, lírio do brejo
Saudação: Ora Yeyé ô! / Aieieô!
IEMANJÁ
Orixá das águas salgadas, Iemanjá é a senhora da vida, da maternidade e do acolhimento. Com seu espelho voltado para para fora, nos ensina a olhar os demais como realmente são, aceitar e acolher tudo o que ali esteja refletido.
Sua energia é criativa acolhedora, cuidadosa, receptiva, tranquilizadora. Iemanjá rege a harmonia familiar, seja entre os parceiros, seja entre pais e filhos ou todos que formam laços sentimentais profundos (família do coração).
Representa os arquétipos da mãe cuidadosa e da rainha abnegada. Mãe de todos os peixes, a quem criou para que sua casa nunca esteja vazia e sempre tenha a quem cuidar. Por estar ligada ao cuidado com o outro, pode facilmente negligenciar a si mesma e sobrecarregar quem está sob seu cuidado.
Cores: branco / prata / azul claro
Sincretismo: Nossa Senhora dos Navegantes / Nossa Senhora da Candeias
Elemento: água salgada
Pontos de força: mar, grandes rios, grandes lagoas
Domínios: maternidade, geração, família, saúde mental, acolhimento, hospitalidade
Símbolo: Abebê (espelho) prateada
Ervas: rosa branca, pata de vaca, manjericão, erva de bicho, alfazema
Saudação: Odoyá! / Odocyá! / Odocyaba!
NANÃ BURUQUÊ
Orixá da lama, das cavernas e da água subterrânea, Nanã Buruquê é a senhora da noite, da magia, da memória e dos conhecimentos ancestrais. Está ligada ao ciclo de morte, vida e ressurreição, sendo responsável por apagar as memórias de uma encarnação para a outra, possibilitando que as experiências vividas não interfiram nessa nova jornada.
Sua energia é lenta, paciente, restritiva, castradora, mantenedora e preservadora. Rege os locais onde a terra e a água se mesclam, como pântanos, lamaçais, e manguezais, nos quais decompõe o que já não tem mais vida, e disponibiliza os nutrientes para serem reaproveitados.
Representa os arquétipos de Anciã (velha sábia) e de Feiticeira. Está ligada à memória (e ao esquecimento), ao inconsciente coletivo, bem como à decantação emocional (águas profundas). Por estar ligada à manutenção das tradições e valores ancestrais, tem dificuldade de aceitar mudanças e agir com ímpeto.
Faz parte dos Orixás de origem no Daomé, sendo anterior aos Orixás Yorubanos. Seu culto é anterior à idade do ferro, razão pela qual muitas tradições não utilizam este metal nos trabalhos dedicados a ela.
Cores: roxo / lilás / anil
Sincretismo: Santa Ana
Elemento: terra (lama) e água (pântanos, manguezais, lagoa e garoa)
Pontos de força: poço, pântano, manguezal, cemitério
Domínios: vida e morte, mistérios profundos, ancestralidade, depuração emocional e energética.
Símbolo: Ibiri (cetro de hastes de palmeira)
Ervas: manacá, cebola roxa, manjericão roxo, folha da costa, lírio do brejo
Saudação: Saluba!