Dia 24 de junho é um dos dias escolhidos para homenagear Xangô na Umbanda. A data se deve ao sincretismo com São João Batista. Essa associação se dá com a qualidade jovem de Xangô, o senhor do Fogo e do Trovão, cuja representação principal é a fogueira.
Podemos entender o fogo como o caráter impetuoso, corajoso e devastador do jovem rei guerreiro, que quer ampliar e consolidar seu reinado e cuja fúria é letal para seus inimigos.
Na Umbanda estamos mais acostumados com a figura do Xangô mais velho, sincretizado com São Jerônimo, que representa os arquétipos do juiz e do rei justo e provedor, aquele que garante a subsistência do grupo.
Essas duas faces da mesma força nos ensina uma lição preciosa: é do ímpeto do jovem guerreiro que nasce a sabedoria do legislador. Isso lembra aquela história de um mestre zen que teria dito a seu discípulo que as boas escolhas são provenientes da experiência, e que esta é proveniente de más escolhas.
A chave que nos é dada por Xangô é a da transformação do ímpeto e da fúria juvenis em sabedoria equilibradora, fonte de justiça pra nós e para a comunidade ao nosso redor.
Que nosso Pai Xangô nos ajude a sermos cada vez mais justos em nossas ações, sentimentos, pensamentos e intenções.
Kaô Kabecilê!
Pra finalizar, segue a excelente letra da canção Obá Iná, de Douglas Germano, para louvação de nosso Pai Xangô
Abram caminho para o rei
Sorriam em vez de se curvar
Ele é justiça, ele é a lei
Que fez pra nos levantar
Pra nos por em pé, nos erguer
E lançar pra Orum nosso olhar
Não há justiça se há sofrer
Não há justiça se há temor
E se a gente sempre se curvar
Kaó kabiecilè Xangô oba iná
Abram caminho para o rei
Que se anuncia em um trovão
Que bravo, escreve o que errei
Cuspindo fogo pro chão
Labareda pra eu me consertar
Fogo pra me aquecer de perdão
Não há justiça sem ceder
Não há justiça sem amor
E se a gente nunca se entregar
Kawó kabiecilè Xangô oba iná
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