Os espíritos que se manifestam na Religião de Umbanda para realizar o trabalho caritativo se dividem, segundo seu nível vibratório, em diversos agrupamentos que formam uma cadeia hierárquica de comando, lembrando a organização militar.
A primeira grande divisão dos espíritos é entre as polaridades da Direita e da Esquerda. Para entender sobre essa divisão acesse o artigo Direita e Esquerda na Umbanda.
A Segunda divisão organiza os espíritos em Linhas de Trabalho. Caboclos, Pretos-velhos, Erês, Exús e Pombogiras são, provavelmente, as linhas mais conhecidas, inclusive por não praticantes da Religião.
Além destas temos os Baianos, Boiadeiros, Marinheiros, Ciganos, Malandros e Exús-mirins como linhas bastante conhecidas, mas que não estão presentes em todos os terreiros. Temos ainda linhas como o Povo do Oriente, os Cangaceiros, os Piratas e os Africanos, que apesar de presentes em muitos terreiros, não são completamente vistas como linhas de trabalho propriamente ditas.
Por último, temos linhas originárias de outros sistemas de crenças que acabam se manifestando nas giras, devido à abertura dos e das comandantes astrais das casas. Podemos citar a linha dos Médicos, dos Frades (Semiromba), dos Mestres e Mestras da Jurema, entre outras.
As linhas de trabalho são compostas por espíritos que se apresentam em arquétipos presentes no inconsciente coletivo, plasmando seus corpos astrais com determinadas características simbólicas escolhidas para facilitar a transmissão de determinados ensinamentos, mas que não representam, necessariamente, encarnações passadas vividas pelos espíritos.
Linhas de trabalho na Direita
Nas linhas de trabalho da direita, os arquétipos apresentados representam povos, etnias e grupos sociais marcados por seu modo de vida, seu código de ética, sua visão de mundo e por sua história social próprios, que os colocam apartados da sociedade ocidental, e que expressam um corpo ideológico e um conjunto de conhecimentos únicos e inerentes àqueles grupos.
Desta forma, quando falamos da linha dos caboclos, estamos falando dos povos ameríndios, de sua relação com a terra e com a natureza, sobre caça, pesca, coletas de alimentos nas matas, sobre agricultura natural. Estamos falando, ainda, de organização tribal, na qual a divisão de tarefas é clara e todos sabem o papel que devem desempenhar para o bem da comunidade. O mesmo acontece com todas as demais linhas.
Se quisermos nos aprofundar na simbologia, nos ensinamentos e na proposta de trabalho de cada uma das linhas, precisaremos entender como os povos que embasam estes arquétipos vivem (ou viviam).
As linhas que tradicionalmente compõem a direita são: caboclos, boiadeiros, pretos-velhos, erês, baianos, marinheiros, ciganos e malandros.
Linhas de trabalho na Esquerda
Se entendemos que a esquerda trabalha nas trevas para trazer a luz, entendemos que as entidades que realizam este trabalho precisam usar de energias específicas de proteção para não se contaminarem com as energias ambientais. E que, assim como nas profissões humanas que lidam com situações extremas, necessitam de muito preparo e condicionamento mental.
Quem realiza este trabalho são os Exús (também chamados de Guardiões, ou Compadres), as Pombogiras (Guardiãs, Moças ou Comadres) e os Mirins (Exú-Mirim e Pombogira-Mirim).
Ao contrários das linhas da direita que apresentam arquétipos fundamentados em grupos étnico-sociais específicos, que nos ensinam sobre a ética e visão de mundo próprios de seu povo, na esquerda o arquétipo base são os homens e mulheres da nossa própria sociedade, que, por qualquer motivo, não se enquadravam dentro da ordem social estabelecida.
Estes arquétipos destoantes e subversivos são bem mais abrangentes que os da direita, comportando espíritos de diversas etnias, origens, classes sociais, graus de escolaridade, religiões, profissões etc.
É através das linhas da esquerda que serão introduzidos na Umbanda conhecimentos místicos, esotéricos e mágicos de sistemas mais formalizados (escolas de mistérios).
Findada este breve introdução, na próxima parte serão iniciadas as descrições das linhas.
Até lá.